14 de Fevereiro de 1987
Aos 10 anos achava que ninguém poderia morrer de amores por mim! Não me enganei, mas percebi que havia outras coisas igualmente saborosas...
Neste dia as miúdas mais populares da escola disputavam apalpadelas e contabilizavam as chapadas que já tinham dado durante aquela manhã! As mulheres sempre tiveram uma estranha maneira de reagir a elogios e ao interesse dos homens. Uma lambada bem assente era a maioria das respostas que um jovem rapaz imberbe ganhava por finalmente dizer o que andava a pensar há semanas e semanas: "És muito bonita!" e zás... lá vinha a lambada, a réguada, o livro que voava na direcção da sua cabeça, os gritos infames... Ou coisa pior que se lembrem!
Já lá vão 19 anos e lembro-me de estar cansada das histórias FANTÁSTICAS que o Dia dos Namorados trouxera às minhas amiguinhas de turma quando alguém me entrega uma encomenda especial. Um pequeno pedaço de papel, cortado toscamente de um caderno quadriculado onde cabia apenas e simplesmente: "És a rapariga mais simpática da escola!" Não vinha assinado, não conheci a letra, não disse nem mostrei a ninguém. Olhei à minha volta e guardei para mim o doce sabor dos misteriosos contornos da amizade!